sábado, 13 de abril de 2013

Menino a Bico de Pena.

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No Pais de Quatro, já não é a primeira vez que o João Miguel Tavares elogia rasgada e desmesuradamente o Malomil, o que este não merece, mas agradece.  Muito. Em sinal de público reconhecimento, aqui ficam a imagem e a notícia de um tumblr engraçado, «Reasons My Son is Crying». E, já agora, um trecho de uma crónica, da grande e enorme Clarice Lispector, em A Descoberta do Mundo, livro que acaba de sair entre nós. Material do melhor e fresquinho, portanto. Chama-se a crónica «Menino a Bico de Pena», e começa assim:
 
         Como conhecer jamais o menino? Para conhecê-lo tenho que esperar que ele se deteriore, e só então estará ao meu alcance. Lá está ele, um ponto no infinito. Ninguém conhecerá o hoje dele. Nem ele próprio. Quanto a mim, olho, e é inútil: não consigo entender coisa apenas atual totalmente atual. O que conheço dele é a sua situação: o menino é aquele em quem acabam de nascer os primeiros dentes e é o mesmo que será médico ou carpinteiro. Enquanto isso – lá está ele sentado no chão, de um real que tenho de chamar vegetativo para poder entender. Trinta mil desses meninos sentados no chão, teriam eles a chance de construir um mundo outro, um que levasse em conta a memória da atualidade absoluta a que um dia já pertencemos?
 
Obrigado, João.
Obrigado ao Pais de Quatro.
 
António Araújo
 

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