terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mónicas e o desejo.

. . .
.
.


.
.
Querido ToZe como
Sabes estou presa tenho muita
Pena de não estar contigo
Recordar-mos os velhos
tempos
.
.







Pouco bastante
mas deixa que tudo passa mas
sozinha num lamento à
espera que o tempo se passe mal
sei as àguas do mar


Fotografias de Ângela Castelo-Branco e António Faria








Na antiga prisão das Mónicas, naquilo que outrora foram as solitárias, alguém rabiscou incessantemente as paredes da sua cela. Palavras sobre palavras, escritas a lápis, declarações de amor a um Tó Zé. Nuns lados, aparece a improvável data «1866»; noutros, surge «1967». Talvez não sejam verdadeiras, estas inscrições morais. Mas, a acreditar na veracidade da história, uma mulher esteve ali presa: de poucas letras, ou mentalmente perturbada, preencheu o tempo assim, nesta desconexão. Aqui fica o registo do amor efémero; em breve, as paredes das Mónicas serão transformadas num condomínio de luxo.







 
 
 
 
 
 
 
 

1 comentário: