sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Variação do comportamento sexual de carneiros de raça Churra Galega Bragançana ao longo do ano.


 
 
Este é um maroto
 
 
Nesta altura do ano, uma espécie de silly season em versão chuvosa, é comum os jornais e as revistas seleccionarem os melhores filmes, os melhores discos, os melhores livros.

Não é do ano que agora finda, não é um disco, não é um filme, nem sequer um livro. Mas é um texto, um trabalho intelectual. Um trabalho que tem sido esquecido – injustamente. A crítica lisboeta, ofuscada pelo mainstream e por valter hugo mãe, continua, ano após ano, a insistir nos mesmos nomes. É sempre a carregar nos consagrados. Alguém fala de R. C. Valentim? Não. De T. M. Azevedo? Também não. E de A. Mendonça? Nop. E de B. Bento? Nada. Pois fiquem sabendo que, actuando em conjunto, Valentim, Azevedo, Mendonça & Bento produziram um dos textos mais seminais da literatura portuguesa da viragem do século XX para o século XXI, isto é, para o século que veio logo a seguir ao XX. Em Lisboa, que são palonços, andam todos encantados com o grafismo opulento da Egoísta, com a densidade da Colóquio Letras e ninguém – absolutamente ninguém – dá atenção e valor ao Veterinária Técnica. Foi aí, no nº 3 do volume 10 do Veterinária Técnica, escorria o ano de 2000, que Valentim et all. publicaram o ensaio «Variação do comportamento sexual de carneiros de raça Churra Galega Bragançana ao longo do ano». Sob todos os ângulos, a questão da raça Churra é fascinante – e só não mereceu a atenção dos meios literários e culturais porque é sempre tudo para os mesmos. É Peixoto, é Valter, é Tordo. Mas, de carneiros Galega Bragançana, quem fala, quem escreve? Ninguém.
.....Durante um ano inteiro de trabalho de campo, entre Setembro de 1995 e Setembro de 1996, Valentim et all. estiveram atrás duma moita, os quatro muito atentos às performances de dezasseis carneiros Bragançana. Analisaram se era bom, mau ou assim-assim o comportamento da raça Churra, se era mau, se se comportavam mais nuns meses do que nos outros, coisas dessas, todas científicas. O behaviour observado notou um abaixamento das temperaturas nos meses de Outono e Inverno, mantendo-se no estável durante as primaveras. Certamente por pudor, o abstract refugia-se em abstracções técnicas, furtando-se a concretizar como se portou a nossa Carneirad@ Bragançan@ nos festivais de Verão. Tendes aqui o abstract, para depois tirardes, por vós mesmos, as conclusões a que chegardes. Nada de preconceitos e tabus, que para isso já temos as Mães de Bragança. Lede o texto de Valentim com a necessária open mind. Isto, sim, é fazer lusofonia. Isto, sim, é cerzir bem o telúrico. Comparado com Valentim et all., Miguel Torga é um  MENINO. Ora vede:       


 
  

3 comentários:

  1. A conclusão de que um maior intervalo entre cópulas por sessão leva a uma diminuição do número total das mesmas, é fascinante!

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  2. Mais fascinante foi os investigadores notarem que "o número total de cópulas por sessão foi menor no inverno que no verão e no outono", mas que "os valores médios deste parâmetro não se alterou significativamente entre o verão e o outono", para concluírem, magistralmente, que "o número total de copulações realizadas por sessão na primavera foi semelhante ao observado em todas as outras estações do ano", coisa que ninguém adivinhava. Em conclusão, ficamos mais sábios.

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  3. Eu acho que isto é sociologia, pura sociologia, do BSS.

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